👤 9 histórias reais de pessoas adultas bem-sucedidas sem coerção educacional
Tem um pesquisador que eu amo, o Peter Gray 👨
Ele dedica sua vida a investigar como seres humanos aprendem a partir da brincadeira livre e de seus próprios interesses.
Sua publicação no Substack, Play Makes Us Human, é uma fonte profunda e continuamente atualizada de descobertas sobre aprendizagem autodirigida. Seu blog na Psychology Today também é recheado de ótimos posts sobre o tema.
Recentemente, ele escreveu sobre como as crianças que são realmente livres para explorar e construir a partir de suas paixões acabam desenvolvendo atividades relacionadas a essas paixões quando adultas 💗
No artigo, Gray exemplifica com uma série de histórias reais de pessoas que seguiram por um caminho não convencional de educação.
Fiquei tão entusiasmado com essas histórias que resolvi traduzi-las…
Jovens adultes funcionais e bem-sucedides, sem coerção educacional – trecho do artigo de Peter Gray
A descoberta mais interessante para nós agora é que um grande percentual desses jovens adultos seguiam carreiras que eram extensões diretas dos interesses apaixonados que desenvolveram quando crianças, brincando. Alguns exemplos:
Uma garota que adorava brincar com barcos passou, quando adolescente, a ser aprendiz de capitã de navio e depois tornou-se capitã de um navio de cruzeiro.
Outra jovem brincava com bonecas, como muitas meninas fazem. Depois ela começou a fazer roupas para bonecas. Na adolescência, começou a fazer roupas para ela e suas amigas. Na época do nosso estudo, ela era chefe de um departamento de modelagem na indústria de vestidos de alta costura.
Um menino era apaixonado por todos os tipos de brincadeiras que envolviam construção. Ele construía aldeias e fábricas inteiras, em escala, com massa de modelar. Quando adolescente, ele frequentava oficinas locais e aprendia sobre mecânica de automóveis perguntando e observando. Na época do estudo, ele era um maquinista e inventor muito requisitado.
Outra criança se apaixonou por ficção científica. Com isso, ele descobriu a matemática e se apaixonou. Quando adolescente, ele se debruçou sobre textos avançados de matemática. E, na vida adulta, tornou-se professor de matemática.
Outro – que foi reprovado várias vezes em escolas públicas antes de se matricular na Sudbury Valley aos 13 anos [uma escola livre] – ficou obcecado por computadores e programação quando adolescente. Na época do estudo, ele tinha 22 anos e era fundador e líder de uma empresa de desenvolvimento de software de muito sucesso. Entre seus clientes estavam as escolas que o reprovaram.
Uma menina se apaixonou por circos quando tinha 3 anos de idade e começou a treinar para se tornar uma artista aos 5 anos. Na adolescência, ela já se apresentava profissionalmente como trapezista, e dos 19 aos 24 anos ela e sua melhor amiga fundaram e dirigiram sua própria companhia de circo contemporâneo.
Um menino se apaixonou por fazer vídeos no YouTube com seus amigos aos 11 anos. Na adolescência, começou a estudar cinema. Sua experiência e paixão o levaram a ser contratado, aos 18 anos, como assistente de produção em uma grande produtora cinematográfica. Aos 20 anos, no momento da pesquisa, ele trabalhava com um diretor famoso em Los Angeles na produção de um grande filme.
Um menino de 15 anos perseguia três interesses apaixonados: caminhadas na natureza, parapente e fotografia. Aos 21 anos, no momento da pesquisa, ele estava seguindo com sucesso uma carreira como fotógrafo aéreo de áreas selvagens, combinando assim todas as suas três paixões.
Num ato de rebelião, uma menina que frequentou a escola pública tradicional até os 13 anos recusou-se a continuar lá, tornando-se assim uma unschooler. Ela então desenvolveu interesses apaixonados por revoluções e vida selvagem. No momento da pesquisa, aos 28 anos, ela era ativista, captadora de recursos e gestora em tempo integral no Greenpeace.
Esses exemplos, ainda que tenham ocorrido no contexto do Norte Global – ou seja, numa realidade social, cultural e econômica bem diferente da (e mais privilegiada que a) nossa –, trazem consigo uma informação no mínimo interessante.
Uma vida plena, próspera e criativa sem educação baseada em comando-e-controle é possível ✨
Histórias bem documentadas sobre isso não faltam.
Obs.: na última semana, tive a oportunidade de falar sobre Os 4 Baldes da Coragem com as lideranças da Seara. Coragem é um tema que trabalhei no livro de Core Skills e que me encanta profundamente. Aprendizagem autodirigida e cultura de aprendizado são territórios que demandam muita coragem.
A todo o time da Seara: obrigado pela confiança! 😊