Certa vez, vi um monge recomendando pensar na morte todo dia ao acordar.
Isso, de certo modo, validou um hábito que carrego comigo há anos: contemplar a impermanência com frequência. Imaginá-la. Ficar amigo dela.
Tudo pode desmoronar a qualquer tempo: nossos relacionamentos, nossos corpos, nossos bens e, possivelmente, nossas próprias existências.
Mark Epstein, psicoterapeuta e estudioso do budismo, propõe diferenciar entre “desejo” e “apego”.
O desejo é uma esfera fundamental humana. Não pode ser eliminado, sob pena de retornar de maneiras menos saudáveis e mais assustadoras.
Precisamos do desejo para imaginar, aprender e criar. A curiosidade, por exemplo, é um desejo por saber.
O apego, por outro lado, é fixação. Nos domestica. Viramos escravos dele.
Em um dos livros do Epstein, há uma metáfora muito interessante sobre como as pessoas podem segurar uma moeda nas mãos.
Você pode segurá-la com o punho bem rígido e fechado. Ou pode também segurá-la com a mão aberta, imprimindo delicadeza e movimento.
Essa é a diferença entre apego e desejo.
Como você está segurando suas moedas?
Texto bacana Alex! Me fez lembrar a ideia entre vontade e querer...dizem que vontade dá e passa..já o "querer" é mais profundo...
Dia perfeito pra mim ler este seu texto. Estou doente, e refletir sobre a morte é natural neste momento.
Graças a minha religião eu reflito sobre a morte com frequência, mas não diariamente.
Já li um pouco sobre budismo e fala bastante em apego, que é a raiz de nosso sofrimento, e eu acredito muito nisso.
Muito obrigada