Conversas – e qualquer outro tipo de interação humana – sempre serão, em algum nível, reducionistas.
(Reducionismo é quando nos afastamos muito da complexidade inerente a toda e qualquer coisa. Não existem coisas que são complexas e outras que não são: tudo é complexo – pois absolutamente tudo está interligado –, só que às vezes a gente consegue enxergar bem isso, às vezes não)
Ainda que seja impossível escapar do reducionismo nosso de cada dia (não) nos dai hoje, existem alguns truques para irmos nos abrindo.
Um desses truques é não ouvir (nem falar) taxativamente.
Vamos supor que eu e você estamos conversando – e pior que estamos mesmo, pois todo texto, antes de ser texto, é conversa.
Eu te falo “A” sobre o assunto “B”. Você até ouviu bem o meu “A”, entendeu direitinho o que eu disse, não me interrompeu e até checou se o que escutou foi realmente o que eu falei a respeito de “B”.
Ótimo! Poucas pessoas chegam nesse ponto de maturidade conversacional.
Mas então você assume que “A” é a única coisa que penso sobre “B”. Ou que “A” é o suprassumo do meu pensamento em relação a “B”. Ou até mesmo que dentro de “A” eu já exauri tudo que poderia pensar ou dizer, o recheio já foi todo, não sobrou mais nada que eu pudesse contar/elaborar para enriquecer “A”.
Isso é a escuta taxativa – ainda que educada.
Assim como ocorre na escuta, falar taxativamente também é outro mau hábito nas interações sociais. Quando você se expressa dessa forma, no fundo da sua mente você pensa: “É isso mesmo. E é só isso”. (”Não tem mais jeito. Acabou. Boa sorte…”)
A fala taxativa é uma caverna estreita, um míssil pontiagudo. Ela aumenta o reducionismo.
Por isso, podemos combinar uma coisa a partir de agora?
“É isso, mas nunca é só isso”.
A escuta e a fala abertas, sempre convidando outras perspectivas que também querem seu lugarzinho à mesa, são formas de interagir que ampliam o aprendizado.
“É isso, mas também é o quê?”
Nas suas interações, você faz um esforço consciente para evitar a escuta e a fala taxativas?
Já tinha ouvido falar disso? E sobre reducionismo?
Me conta nos comentários o que essa reflexão te fez pensar! 🧠
Amo esse tema de paixão nas minhas conversas pessoais e me surgiu forte que no meu espaço Psicólogo é bom ter o cuidado de fechar questões, pois sempre surge muito conteúdo no espaço de terapia, levando a desculpas e falta de autoridade e assertividade das pessoas. Baita insight valioso pro processo terapêutico, seja ele numa conversa com um profissional psicólogo ou não.
Caramba!
Já me vi diversas vezes nas situações de escuta e fala taxativas, mas não tinha me atentado para o efeito reducionismo.
Gratidão por compartilhar!