Fazer algo junto – no sentido de colaborar ou criar projetos junto de outras pessoas – pode acabar gerando desconexão em vez de conexão.
Eu já vi isso acontecendo várias vezes.
Ano passado, por exemplo, eu desafiei a turma do MoL Academy a organizar um festival de aprendizagem autodirigida com duração de uma semana.
A ideia era criar uma situação concreta para as pessoas experimentarem fazer algo juntas e, assim, aprofundarem os laços entre si.
O festival rolou, e foi lindo.
Mas teve muita treta nos bastidores. E, embora isso tenha sido cuidado, gerou desconexão.
Algo parecido já aconteceu (e de vez em quando ainda acontece) nas minhas relações profissionais.
Sabe aquela pessoa que surge na sua vida e, seja pela convergência de propósito e/ou pela complementaridade de talentos e recursos – ou simplesmente pela maravilhosidade que é estar na presença dela –, logo a gente imagina se tornando parceira de trabalho e até sócia?
Pois é.
Com o tempo, eu fui aprendendo a ser beeeeem cauteloso nessas horas.
Em primeiro lugar, porque eu valorizo muito a minha autonomia.
Por mais democrática e saudável que seja qualquer relação, na hora de se fazer algo junto é preciso tomar certas decisões em conjunto. E isso provavelmente vai colidir com a sua autonomia em algum momento.
Em segundo lugar – e este é o ponto em que eu realmente queria chegar neste texto –, porque frequentemente eu também valorizo muito a minha conexão com aquela pessoa.
E essa conexão pode ser ameaçada pelas burocracias e desencontros do fazer junto.
No fundo, às vezes nós convidamos alguém para colaborar em um projeto porque não nos sentimos suficientemente prontas(os) para realizá-lo por conta própria.
E não é que você precisa “acreditar mais em si” ou qualquer outra baboseira neoliberal.
É que existem muitas formas diferentes de estar junto. Várias delas podem te fornecer apoio, companhia e conexão, sem no entanto atrapalhar a sua autonomia no processo.
Aprender junto é uma delas – e uma das que mais gosto.
Muito bom ler que existem motivos para fazer junto e motivos para não fazer. Tem algumas correntes que acabam classificando priorizar autonomia como imaturidade.