Em 1942, o grande escritor argentino Borges escreveu um conto sobre Ireneo Funes, um jovem de 19 anos que se lembrava de absolutamente tudo.
Sua memória não conhecia o esquecimento. Além de recordar cada fato e cada coisa que lhe diziam, suas lembranças eram vívidas e minuciosas.
Por conta disso, Funes não conseguia dormir. Era fluente em 5 idiomas, mas não tinha paz. Era memorioso, mas incapaz de pensar.
Por eu trabalhar com aprendizado, frequentemente as pessoas me perguntam como memorizar mais conteúdos ou como ler mais rápido.
E eu sempre me incomodei um pouco com essas perguntas, sem saber exatamente o porquê. Até agora.
Aprender não significa memorizar. Aprender, pra mim, é mudar sua ação ou sua visão de mundo.
Quem deseja “reter” todo o conhecimento, na verdade, aprende menos, pois não degusta e digere aquilo que consome.
Aprender é “botar pra fora” uma mudança em vez de “botar pra dentro” mais e mais informação.
Se não for assim, todos estamos condenados a ser como Funes – donos de uma memória incrível, mas pouquíssimo inteligentes.
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Obs. 2: agradeço ao Conrado Schlochauer pela ideia de aprender como “botar pra fora” em vez de “botar pra dentro”.
Alex, excelente ponto! Em nossos treinamentos tenho observado isso com frequência. As pessoas até "sabem" o que estão aprendendo, mas quando eu pergunto sobre como eles estão "botando isso para fora", aplicando, muitas respostas são evasivas. Entretanto tem um porém. As pessoas que não "sabem" não conseguirão "botar para fora" aquilo que não tem.