O perigoso mito de que para evoluir você precisa de um objetivo

Vira e mexe eu ouço alguém dizer: “para evoluir você precisa ter um objetivo!”

Afinal de contas, “não existe vento favorável para o marinheiro que não sabe onde ir”, afirmou Sêneca.

Na aprendizagem autodirigida, em que a própria pessoa é soberana para navegar das maneiras que quiser e para onde quiser, isso parece ser uma verdade inquestionável:

“Você precisa saber onde quer chegar”.

Será mesmo?

Recentemente, li o livro Why Greatness Cannot Be Planned (Porque a Grandiosidade Não Pode Ser Planejada, em tradução livre), escrito pelos pesquisadores de inteligência artificial Kenneth Stanley e Joel Lehman.

No livro, os autores constroem o argumento de que objetivos até podem ser úteis em tarefas simples/modestas, mas podem nos atrapalhar em tarefas complexas/grandiosas.

Isso porque, quando você fixa uma meta lá na frente, você passa a enxergar tudo com uma viseira.

Uma viseira que te impede de enxergar muitas coisas imprescindíveis para o alcance de um resultado grandioso, mas que não estavam contidas no estreito caminho entre você e o seu objetivo.

Você precisaria olhar pro lado, e não está olhando.

Qual seria o caminho, então?

Kenneth Stanley e Joel Lehman propõem a ideia de nos tornarmos “caçadores de tesouros”.

Em vez de se tornar escravo das metas, você se abre para colecionar “interessâncias”.

E essa coleção de tesouros e de novos repertórios é que, com o tempo, te permitirá construir coisas grandiosas – e surpreendentes – na sua vida.

É por isso que, quando me perguntam como eu me vejo daqui a 3-5-10 anos, eu adoro responder:

“Não tenho a mínima ideia!”

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Obs.: preciso ser justo com os objetivos – eu já os utilizei muito e ainda utilizo às vezes nas minhas investigações. No meu doutorado informal, minha meta desde o início era escrever um livro, e isso me ajudou a caminhar. Mas é que a escrita de um livro funcionou quase como uma desculpa para que eu me tornasse... um caçador de tesouros.