mudei de ideia đŠâđ„
alguns redirecionamentos importantes no meu trabalho que vocĂȘ precisa saber.
⥠atenção: este Ă© um texto muito significativo pra mim (e um pouco longo) que eu gostaria que vocĂȘ lesse atĂ© o final.
o famoso textĂŁo đ
por favor: se vocĂȘ acompanha o que faço, eu te peço 15 minutos de foco e presença para a leitura dessa mensagem.
(com uma bebidinha đč acompanhando fica melhor ainda)
bora lĂĄ?
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eu nunca quis ser como aquele professor ou professora que repete os mesmos slides todo ano, sabe?
as estruturas condicionam muites a fazerem isso. a cada semestre, a cada aula, a cada treinamento, a mesma ladainha de sempre đ€Ą
em um ambiente assim, baseado em reprodução de mesmices e imposiçÔes de toda ordem, não me assusta o fato de o chatgpt ter se tornado uma ameaça.
Ă© esse contexto altamente escolarizado e heterodirigido que vai de-formando as pessoas ao longo do tempo.
quando chegam Ă vida adulta, essas mesmas pessoas sĂŁo cobradas para serem mais criativas e autĂŽnomas, e tambĂ©m mais âengajadasâ e âprotagonistasâ.
essas mesmas pessoas tambĂ©m passaram a vida inteira escutando que sĂł havia uma Ășnica forma de ser excelente: decorando as matĂ©rias, fazendo o que se esperava delas e sendo um âbom alunoâ ou uma âboa alunaâ.
agora, elas sĂŁo pressionadas a se diferenciar, inovar, âfazer a diferençaâ â alĂ©m de, claro, dominar toda a lista de habilidades do futuro da Unesco ou do FĂłrum EconĂŽmico Mundial.
posso ser honesto com vocĂȘ? eu nĂŁo gosto nem um pouco desse discurso (embora eu o escute pelo menos duas vezes por semana em reuniĂ”es com empresas).
Ă© uma narrativa individualista e que joga no colo das pessoas um problema que, sozinhas, elas tĂȘm pouco poder para solucionar đ€Šđœââïž
precisamos de saĂdas culturais e contextuais para cuidar de de-formaçÔes culturais e contextuais.
precisamos reinventar a maneira pela qual os âjogosâ educacionais sĂŁo jogados.
na verdade, precisamos mesmo Ă© de criar outros jogos, outras realidades possĂveis.
e nem se eu quisesse eu daria conta de fazer isso sozinho.
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eu gosto muito de rock e acompanho de perto algumas bandas. tudo bem, os beatles sempre vĂŁo acabar tocando hey jude. os rolling stones vĂŁo tocar satisfaction đ”
sĂŁo clĂĄssicos e as pessoas querem ouvi-los. nĂŁo dĂĄ pra jogar fora o bebĂȘ com a ĂĄgua do banho.
mas eu adoro as bandas que se reinventam de tempos em tempos, sabe? mesmo que, Ă s vezes, sejam muito criticadas por isso.
os caminhos da aprendizagem autodirigida tendem a gerar muita vontade de reinvenção. afinal, estamos falando daquele tipo de aprendizado que se alimenta do encantamento pela vida, do tesão e da curiosidade epistemológica.
e essas coisas nĂŁo aceitam ser controladas.
elas tem seus prĂłprios desĂgnios e se embrenham na gente â se a gente permitir â como fontes de ĂĄgua pura prestes a transbordar đ
algum tempo atrĂĄs, escrevi sobre trĂȘs verbos que, ao meu ver, resumem bem os propĂłsitos de pessoas aprendizes autodirigidas:
contemplar, entender e criar.
os novos âjogosâ educacionais a serem inventados â na forma de novos ambientes, comunidades, culturas, ecossistemas â precisam apoiar as pessoas na prĂĄtica desses verbos (a partir do que faz sentido pra elas).
e esse apoio precisa ser prĂĄtico, concreto, real, e nĂŁo apenas um discurso bonito sobre a importĂąncia do lifelong learning e do âprotagonismoâ (enquanto as mentalidades e estruturas permanecem as mesmas de sempre).
em 2023, vou completar 10 anos estudando e buscando fundar essas novas realidades.
(um ponto importante no inĂcio da minha trajetĂłria foi esta singela pĂĄgina de financiamento coletivo, que me dĂĄ um pouco de vergonha alheia agora, mas que paradoxalmente tambĂ©m me dĂĄ um puta orgulho)
neste momento, eu sinto que estou me reinventando.
reinventando a minha prĂĄtica, o meu pensar-fazer no mundo.
e, ao mesmo tempo, mantendo mĂșsicas clĂĄssicas no repertĂłrio đ§âđ€
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desde 2020, coincidindo com o inĂcio da pandemia, eu fiz um movimento intencional no sentido de apostar na autoralidade do meu trabalho â e da minha vida.
autoralidade sempre foi um valor importante pra mim, assim como comunidade. e faz trĂȘs anos que estou buscando maximizar isso.
nĂŁo vou mentir: eu sempre quis ser reconhecido por algo importante que eu criei. alguma contribuição genuĂna para o mundo, algo singular, valoroso, potente đ„
(afinal, o ego tem lĂĄ sua serventia)
nĂŁo foi um gesto calculado entrar no universo da aprendizagem livre. eu realmente caĂ de paraquedas nessa histĂłria.
depois de me formar na graduação, minha vida jĂĄ estava toda traçada: eu iria seguir no serviço pĂșblico, no qual ingressei logo apĂłs a faculdade, e ficaria lĂĄ por pelo menos algumas dĂ©cadas.
continuaria tambĂ©m na relação amorosa que iniciei logo no inĂcio da minha vida universitĂĄria, nos moldes que a sociedade me ensinou â monogĂąmica, comportada, casalcĂȘntrica e âatĂ© que a morte os separeâ.
o yaacov hecht, um dos meus Ădolos educadores, escreveu uma passagem interessante sobre esses padrĂ”es normatizantes que, se nĂŁo nos atentarmos, acabam nos aprisionando ao longo da vida.
ele diz que isso Ă© o equivalente a andar na corda bamba sobre o abismo đïž
Ă© Ăłbvio que a corda bamba Ă© a Ășnica via para atravessĂĄ-lo. fomos doutrinados nesse sentido a vida toda.
a caminhada em cima da corda tem pontos muito conhecidos por nĂłs â aprender a andar e a falar no âtempo certoâ, tirar Ăłtimas notas na escola, falar inglĂȘs fluente e talvez atĂ© uma terceira lĂngua estrangeira, arranjar uma namorada ou um namorado (do sexo oposto), se casar, ter filhes, se esforçar muito para progredir na carreira (e conseguir), ser simpĂĄtico com todes na famĂlia o tempo todo etc etc etc.
caramba, como isso Ă© exaustante! đ«
não é à toa que esse texto do yaacov, um dos primeiros que li sobre educação, me marcou tanto até hoje.
quando li, pensei: porra, estamos fazendo tudo errado!
â cadĂȘ o espaço da singularidade, da (auto)descoberta, da fruição de si e do mundo?
â cadĂȘ os espaços de comunidade que abrem alas para (e verdadeiramente celebram a) autoralidade?
â cadĂȘ a confiança, a aceitação da outridade, a conexĂŁo, a empatia, o amor?
espaços educacionais para seres humanes poderiam ser tudo isso.
mas nĂŁo sĂŁo.
acho que foi aà que eu percebi: existe MUITO espaço para proposiçÔes novas no aprendizado.
e, para que o solo em que as plantemos seja fĂ©rtil, Ă© preciso refazer nossos mapas: nĂŁo existe abismo nem a corda bamba Ă© o Ășnico caminho đșïž
existem infinitos caminhos, tantos quanto existem pessoas.
e isso tem tudo a ver com aquilo que quero criar e oferecer pro mundo.
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em 2021, eu entendi que precisaremos de um âexĂ©rcitoâ de pessoas preparadas para desenhar essas novas realidades educacionais se quisermos realmente mudar o jogo đ
foi por isso que escrevi um texto, ainda naquele ano, com o tĂtulo âprocuram-se 50 aventureiros para criar uma nova profissĂŁoâ â talvez vocĂȘ se lembre dele.
era a primeira turma do MoL Academy no formato de um programa de formação para novos Arquitetos e Arquitetas de Aprendizagem Autodirigida.
foi uma experiĂȘncia incrĂvel: em menos de 48 horas as inscriçÔes esgotaram. muita gente se interessou em fundar essa nova profissĂŁo comigo.
até o momento, mais de 400 pessoas jå passaram pelo MoL. as histórias de transformação dessas pessoas e dos espaços onde elas atuam são lindas de viver.
sim, Ă© possĂvel criar outros jogos. Ă© possĂvel reinventar nossas paisagens educacionais â Ă© o que os Arquitetos e Arquitetas vĂȘm mostrando na prĂĄtica, dia apĂłs dia đŒïž
(ainda vou vir aqui contar essas histĂłrias...)
no 4Âș ano de existĂȘncia do MoL, algumas reinvençÔes âda porta pra dentroâ tambĂ©m estĂŁo brotando.
o MoL nasceu como uma sigla para Masters of Learning (Mestres da Aprendizagem em inglĂȘs).
pra mim na Ă©poca isso soava bonito, imponente, grandioso đ«
hoje, confesso que tenho birra de quem fica usando muitos nomes em inglĂȘs (infelizmente, Ă© uma prĂĄtica extremamente comum nas nossas bolhas).
nos Ășltimos anos, eu aprendi que temos uma lĂngua maravilhosa. precisamos honrĂĄ-la, ter orgulho dela.
e Ă© por isso que eu escolhi rebatizar o MoL.
a partir de agora, ele se chamarĂĄâŠ
Mol.
ahn?
igual o Mol da quĂmica, sabe? đ§Ș
Mol é um modo de se referir a um conjunto de coisas (geralmente moléculas).
Ă© um nĂșmero extremamente grande e, por isso, difĂcil de imaginar. sua invenção se deu para facilitar os complexos cĂĄlculos quĂmicos.
Ă© muita coisa acontecendo dentro de um Mol.
e, nas comunidades de aprendizagem do Mol, Ă© exatamente isso que ocorre: muita coisa.
muitas descobertas, muitas ideias, muita prĂĄtica, muita vivĂȘncia, muitas alianças, muito empoderamento, muito autoconhecimento, muitas possibilidades, muitos atravessamentosâŠ
...e muitas Arquiteturas (AÂł), que sĂŁo os âjeitos de pensar e de fazerâ que potencializam a aprendizagem autodirigida individual e em comunidade đ
o impacto disso tudo, assim como no Mol da quĂmica, Ă© quase impossĂvel de se imaginar.
eu sei que pode parecer que estou aumentando. ou que talvez isso soe âbom demais pra ser verdadeâ.
mas, da mesma forma que o Mol da quĂmica â por maior que seja â realmente existe (6,02 x 10ÂČÂł), o que estou narrando aqui Ă© real.
e Ă© dessa mesma magnitude o chamado que tenho pra te fazer daqui a algumas semanas đ
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na esteira do ârebatismoâ do Mol, um outro nome que decidi mudar Ă© o do MoL Academy (a formação).
daqui em diante, o programa passarĂĄ a se chamar...
(rufem os tambores)
MolÂł.
a primeira razĂŁo dessa mudança vocĂȘ jĂĄ sabe â sem o Academy, Ă© menos um termo desnecessariamente em inglĂȘs no mundo đ
a segunda Ă© para combinar com as AÂł: Arquiteturas de Aprendizagem Autodirigida.
Mol³ é a formação onde se aprende sobre as A³.
desse jeito fica fåcil de entender, né?
(assim espero đ)
o terceiro motivo Ă©, na minha humilde opiniĂŁo, o mais legal de todos.
MolÂł Ă© o mesmo que Mol x Mol x Mol, certo?
pois bem: a partir de agora, a formação Mol³ vai gerar outros dois Mols.
ainda nĂŁo posso revelar muito sobre, mas a ideia Ă© que as prĂłprias Arquitetas e Arquitetos recĂ©m-formades possam construir as futuras temporadas da nossa universidade livre apĂłs a formação (com todo um metadesign criado pra isso e o meu acompanhamento cuidadoso, Ă© claro) đïž
e essa universidade serĂĄ aberta a todo mundo, 100% livre e gratuita.
assim, quem entrar no programa terå uma bela oportunidade de praticar (é fazendo que se aprende) e, ao mesmo tempo, irå contribuir na disseminação da aprendizagem autodirigida em comunidade para muito além da nossa bolha.
nada menos que um movimento costurado a muitas mĂŁos serĂĄ capaz de reverter a profunda crise educacional que vivemos đ§¶
da mesma forma que âĂ© preciso uma aldeia para educar uma criançaâ, precisaremos de muitas Arquitetas e Arquitetos generosos e comprometidos com a causa para reinventar a educação.
e o MolÂł Ă© uma oportunidade concreta para fazermos isso acontecer juntes.
isso sĂł serĂĄ possĂvel atravĂ©s de um DNA comum: as Arquiteturas de Aprendizagem Autodirigida (AÂł) đ§Ź
a primeira vez que eu sistematizei as AÂł foi no final de 2020, logo apĂłs a primeira turma do Mol.
nessa primeira versĂŁo, havia 5 Arquiteturas:
Pedidos e Ofertas đŽ
Jornadas Individuais em Comunidade đĄ
Grupos de Estudo e/ou PrĂĄtica đ”
Sozinho/Junto đą
Festivais e Desafios đŁ
esses 5 padrĂ”es â por si sĂł â jĂĄ se mostraram incrivelmente Ășteis para ativar espaços de aprendizagem autodirigida em comunidade.
ainda assim, sinto que é o momento de ir além deles.
agora, estou trabalhando em uma nova sistematização das A³, e a ideia é expandir e aprofundar a partir das 5 possibilidades iniciais.
em pouco tempo, minha intenção Ă© transformar o Mol nĂŁo apenas em um espaço de aprendizagem e vivĂȘncia das Arquiteturas, como tambĂ©m em um laboratĂłrio de criação de novas AÂł.
e todo mundo que fizer parte do Mol poderĂĄ construir junto essa base de conhecimento âïž
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no fundo, âo professor ou a professora que repete sempre os mesmos slidesâ Ă© uma metĂĄfora para uma certa mentalidade que parou no tempo.
vocĂȘ nĂŁo Ă© essa pessoa, eu sei.
a conversa que precisamos ter nĂŁo Ă© fĂĄcil, mas Ă© demasiadamente necessĂĄria.
a reinvenção da educação por meio das A³ é um convite para um mundo mais comunitårio, humano e criativo, onde todes possam encontrar seu próprio caminho, sem abismos.
bora criar um novo clĂĄssico? đ
obs.: sobre datas... đïž
de 13 a 18 de março vai rolar o Mapa AÂł, onde eu vou compartilhar todos os detalhes da nova versĂŁo das Arquiteturas de Aprendizagem Autodirigida â inscreva-se gratuitamente para participar clicando aqui
no dia 21 de março as inscriçÔes para o Mol³ estarão abertas
anota aĂ pra nĂŁo esquecer. vai ser lindo!
aprecio muito sua capacitada de gerar tanta inquietação e tantos insights positivos e transformadores. Avante Alex, essa nova jornada serå extraordinåria.
VocĂȘ Ă© a personificação de todos meus propĂłsitos, ideias que nunca nem foram para um papel, sonhos, ideais etc, que bom que vocĂȘ faz acontecer e que bom que estĂĄ me convidando. Bora co-criar um jogo de aprendizagem corporativa na real.