Eu odeio que a gente aprende a ignorar nossas utopias, desejos e sonhos (e vive os anos como se muitos deles nunca tivessem existido).
Eu odeio o o estado de torpor que aprendemos a tolerar em troca de seguir graciosamente as convenções sociais.
Eu odeio que a gente aprende a se importar menos com as nossas necessidades.
Eu odeio que a gente aprende a priorizar os outros mesmo quando estamos precisando de cuidado – e ainda achamos isso bonito (mas só até antes do ataque de pânico ou do burnout).
Eu odeio que tenhamos aprendido a praticar a falsidade conosco mesmos.
Eu odeio que a gente seja mestre em ignorar nossos próprios sentimentos.
Eu odeio perceber que muitos dos contextos que aprendemos a permanecer estejam nos deixando esterilizados, sem vida.
Eu odeio ver o tanto de gente que aprendeu a levar uma vida sem tesão, sem brilho, sem coragem.
No processo de se tornar adulto, a gente aprendeu, infelizmente, a se adulterar.
Eu odeio isso.
Obs.: o jogo de palavras entre “adulto” e “adulterar” eu aprendi com o Felipe Anghinoni.
Alex, eu sempre gosto muito do seu conteúdo, mas este eu simplemente amei.
Cada linha é um buraco que se abre embaixo dos pés e vamos caindo até o final, que já é o fundo do poço.
Minha criança interior foi muito adulterada para me tornar a adulta que sou. Quanto mais clareza tenho sobre isso (tipo ao ler este texto tapa na cara que você me forneceu como café da manhã, nesta gélida quarta-feira), mais encorajada me sinto para mudar isso.
Obrigada, mesmo.
Foi muito bom começar o dia com esta reflexão, obrigada Alex.