"Ser nômade é colecionar bons motivos para voltar"

algumas fotos e palavras sobre como está sendo viver a minha terceira residência

curei recentemente o ombro, mas o joelho também já não é mais o mesmo, começou a doer.

às vezes parece que vai sair do lugar, se desloca de uns jeitos estranhos.

estou vivendo minha terceira residência e a sensação é essa mesmo: deslocamento.

só que, diferente do joelho, é menos dor e mais interessância, entusiasmo, respirações profundas pra dar conta de tanta VIDA que pulsa dentro de mim e nas relações que teço com pessoas que amo, com pessoas que ainda não amo, mas já considero pacas, com o território, com o rio, o lago, o sol, os cachorros e os seres encantados que, me disseram, vivem por aí.

hoje meu pai me ligou quando eu estava no banho e eu atendi. era a segunda vez que falava com ele no dia. ele quis saber quando eu iria voltar. já falei com ele várias vezes essa informação, mas tudo bem, eu falo de novo com o maior amor do mundo. "daqui a duas semanas, pai". "não demora não, filho. nós vamos te esperar no aeroporto" (ele adora ir lá me receber, e eu adoro quando ele vai). meu pai, cuja cognição já não é mais a mesma, sabe amar como ninguém – isso ele não desaprendeu.

com o Luis, meu amigo-companheiro de aventuras de residências, eu aprendi que ser nômade é "colecionar bons motivos para voltar".

tenho colecionado tantos, tantos, tantos motivos...

tantas belezuras, muitas vezes nos lugares mais impensáveis, nos momentos mais singelos, no cabelo cheiroso da Amanda, na risada da Iza, no céu estrelado que, pasmem, sempre está lá, no cuidado organizativo da Marina, no carimbó e no açaí de todo dia.

me movimentar junto à minha gangue das residências tem me ensinado muita coisa.

o Pará tem me apresentado coisas lindas.

que possamos continuar nos deslocando por aí, de jeitos bem surpreendentes e vivos (mas o joelho bem que podia parar).