Pedagogia do Cafuné: O Que Um Gesto Simples Pode Ensinar A Toda Uma Aldeia
Uma história de afeto, masculinidades e abertura radical
Venho compartilhando aqui sobre o Encontro Global de Ecoversidades que rolou no Brasil na semana passada – 100 lideranças no processo de transformação educacional reunides durante 6 dias, tomando café juntes, ofertando seus repertórios e se polinizando com saberes e sabores dos cinco continentes.
Há muito a dizer sobre esse evento, mas hoje eu quero compartilhar uma história que começou um ano atrás, no Festival SOMOS (uma espécie de Encontro Nacional das Ecoversidades), em União de Vila Nova (São Paulo-SP).
A história da Pedagogia do Cafuné.
Manish Jain – que a partir de agora vou chamar somente de Manish, pois a gente não chama amigues usando sobrenome – é uma referência de vida pra mim.
Ele iniciou alguns dos projetos de aprendizagem autodirigida mais incríveis da Índia: a Universidade Swaraj, a Universidade da Prisão (Jail University) e a própria Aliança de Ecoversidades são alguns exemplos.
(Sério: você PRECISA assistir este vídeo sobre a Universidade da Prisão. Eu me emocionei!)
Em 2023, o Manish veio ao Brasil participar do Festival SOMOS. Já éramos amigos, mas ali, naquela verdadeira escola debaixo da ponte, aconteceria uma coisa que eu jamais iria esquecer na trajetória da nossa relação…
… um cafuné.
Sim, o Manish me ofereceu um cafuné. Mas não era qualquer cafuné: era uma massagem na cabeça típica da Índia.
Uma coisa elaborada!
(Imagina o evento rolando, muitas pessoas indo e vindo, música, conversas, aprendizagens e desaprendizagens, e logo uma fila de cafuné se formando – porque o Manish é assim, ele te mostra algo e logo já quer que você mostre para mais uma pessoa… Dica: isso tem tudo a ver com como ele articula comunidades)
Eu me senti muito conectado ao Manish naquele momento.
Homens podem trocar afeto físico! Homens de lugares e idades e culturas e raças diferentes! Em público! No meio de uma quebrada em SP!
Se você tem um mentor, ainda que ele não saiba disso oficialmente, você não espera que ele te faça um cafuné. Você espera que essa pessoa te ajude a encontrar respostas e a tomar decisões.
A Pedagogia do Cafuné me ensinou, em 10 minutos, coisas que eu nem sabia como perguntar.
Mas o que isso tem a ver com o Encontro Global de Ecoversidades deste ano?
Esse ano, o cafuné se coletivizou entre nós. Neste momento, além do Brasil, provavelmente está rolando um cafuné na Itália, outro no Equador e mais um no Japão.
“Cafuné” se transformou em uma das palavras-chave do encontro global. Uma palavra tipicamente brasileira que, agora, ganhou o mundo.
Um gesto – e também um símbolo – que aquece os corações para a grande jornada da vida: aprender e desaprender, dia após dia, até que façamos a curva da estrada.
No meu primeiro post sobre o Encontro Global de Ecoversidades você encontra informações sobre como participar dessa rede maravilhosa. Dá uma olhadinha lá!
E pra você, um cafuné pode virar pedagogia? 🫶
Como você aplicaria a Pedagogia do Cafuné nos seus grupos e projetos? (Dica: é muito além do cafuné em si)
Hummm!! Cafuné suculento!