Comunidade é vital para a solitude
Aos 40, Karen Hester ansiava equilibrar duas necessidades humanas fundamentais: viver em comunidade e, ao mesmo tempo, saborear sua autonomia individual.
Não era apenas ela. Algumas pessoas amigas e famílias com crianças que ela conhecia também tinham o mesmo desejo. Juntas, elas criaram a Comunidade Temescal Creek em Oakland, Califórnia.
Em 1999, o grupo inicial deu entrada em três casas no estilo vitoriano perto de um metrô. Começaram então a transformar essas casas em uma verdadeira comunidade – derrubando cercas, ressignificando garagens, plantando árvores e instalando painéis solares.
Em 2012, moravam na Temescal Creek 20 pessoas adultas, 6 crianças e 4 adolescentes. Mais casas foram sendo anexadas à comunidade. As árvores cresceram e deram frutos. Coelhos e galinhas agora também habitavam o espaço, além de uma mesa de ping pong e uma cesta de basquete.
Karen é muito grata ao universo por viver nesse lugar rodeado de pessoas que se conectam e se importam umas com as outras.
Um dos momentos de conexão mais significativos para ela acontece nos mutirões. As pessoas se juntam a fim de trabalhar e cuidar da comunidade e, enquanto fazem o que precisa ser feito, se tornam ainda mais amigas.
Ainda assim, Karen não abre mão de frondosos momentos de solitude intencional. Todo inverno ela viaja sozinha para um país diferente por 6 semanas, e nessas viagens ela degusta uma outra versão de si mesma, bem como a companhia de novas e surpreendentes outridades.
Mas Karen sempre tem um “quentinho” para onde voltar. E disso ela não abre mão.
Estou trilhando um percurso de aprendizagem sobre modos de vida e moradia não convencionais.
O livro How We Live Now – redefining home and family in the 21st century (Como Nós Vivemos Agora – redefinindo o lar e a família no século 21, em tradução livre) está sendo meu fiel companheiro nesse processo.
De autoria de Bella DePaulo e ainda sem tradução para o português, o livro traz histórias como a de Karen Hester, que encontrou a sua forma única de balancear vida comunitária intencional com seus desejos e necessidades individuais.
Como todo percurso de aprendizagem genuíno, a fascinação que sinto pelo tema está me fazendo ter descobertas e reflexões praticamente diárias.
A última delas tem a ver com a história de Karen.
A solitude – a possibilidade de apreciar estar sozinho – só está disponível para quem não foi capturado pela solidão. As viagens de inverno de Karen, ou a satisfação do seu desejo por solitude, somente se viabiliza a partir de sua enriquecida vida comunitária.
Comunidade, então, é vital para a solitude. Paradoxal, do jeito que eu gosto.
É bem possível que não seja assim pra todo mundo. É apenas uma hipótese que eu consigo identificar na história de Karen e também na minha.
Ao meu ver, esse clarão espelha o modo de vida tribal da espécie humana desde os primórdios.
Nosso corpo não foi talhado para ficar sozinho a maior parte do tempo, como ocorre nas sociedades urbanas, encasteladas e hiperindividualistas em que a maioria de nós vivemos.
Devido a essa falta crônica de conexões verdadeiras e senso de comunidade, também sentimos dificuldade em excursionar para dentro de nós mesmos.
Viramos, assim, presas fáceis de uma solidão potencializada por mecanismos que roubam nossas já fragilizadas reservas atencionais.
É extremamente desafiador ficar só (e bem) consigo mesmo no mundo hiper(des)conectado do século XXI.
Por isso mesmo, é urgente repensar o design de como vivemos (e como moramos).
Obs. 1: na quarta agora, dia 14/09, às 19h30 a Ecoversidade Interser lançará o livro Inteligência Genuinamente Humana, do qual sou coautor. Você pode se inscrever gratuitamente para o evento online clicando aqui.
Obs. 2: ainda estão abertas as inscrições para o CTRL > CLTR Academy, a formação em cultura de aprendizagem corporativa da nōvi. Eu serei um dos facilitadores, além de um time de pessoas maravilhosas como Conrado Schlochauer, Marcelle Xavier, Lavinia Mehenditu e Barbara Bravo. Clique aqui para saber mais e se inscrever.
Obs. 3: estou no 11º dia do meu Desafio 30 Dias. Fiz uma pequena mudança em uma das rotinas, mas continuo firme e forte nos meus compromissos diários. Aqui vai um resumo dos meus resultados até o momento:
Dia 1 (02/09) – FEITO ✔️
Dia 2 (03/09) – FEITO ✔️
Dia 3 (04/09) – FEITO ✔️
Dia 4 (05/09) – FEITO ✔️
Dia 5 (06/09) – FEITO ✔️
Dia 6 (07/09) – NÃO FEITO ❌
Dia 7 (08/09) – FEITO ✔️
Dia 8 (09/09) – FEITO ✔️
Dia 9 (10/09) – FEITO ✔️
Dia 10 (11/09) – FEITO ✔️
Algumas dicas para quem também está fazendo o Desafio (se quiser começar o seu, veja as orientações aqui):
Faça pequenos ajustes a partir do que for observando na prática. É melhor mexer um pouquinho no tamanho ou frequência das ações do que parar completamente
Se não conseguir em um determinado dia, tudo bem, mas evite deixar de fazer por dois dias seguidos