Se você é como eu e tem o privilégio de trabalhar com coisas que acredita (e nas quais consegue obter algum nível de prazer e reconhecimento, mesmo que não em tudo), então é bem possível que você se identifique bastante com o seu trabalho.
Quem é o Alex sem estar escrevendo? Quem sou eu quando não estou pensando/facilitando o Mol? Quem sou eu quando não estou pesquisando/falando sobre aprendizagem autodirigida, comunidade e afins?
Quem é você quando o trabalho é retirado da equação?
É claro que o trabalho não é um conceito monolítico. Ele se relaciona e cria intersecções com muitos outros aspectos da vida. A separação rígida entre vida pessoal e vida profissional, para muites de nós, já não serve mais.
Ainda assim, na minha experiência tem sido interessante observar esse meu movimento de me desidentificar – pelo menos um pouco – do trabalho.
Alguns frutos que tenho colhido são:
Um processo de aproximação comigo mesmo – particularmente com as partes que deixei de lado quando assumi o trabalho como o vetor mais importante da minha vida (mesmo que não conscientemente)
Um frescor para novos interesses, pessoas e possibilidades, sem a pressão autoimposta de ter de me prender aos territórios onde já sei pisar
Uma liberação maior em relação aos tenquismos tipicamente relacionados ao trabalho: “tenho que ser produtivo o tempo todo”, “tenho que trabalhar X dias por semana e X horas por dia” ou “tenho que conseguir aquele projeto/cliente a qualquer custo”
Estou consciente do meu alto nível de privilégio para poder experimentar tudo isso.
Ao mesmo tempo, acredito que muita gente da nossa “bolha”, se puder implementar um pouquinho dessa desidentificação, vai observar um enriquecimento da própria vida e do Eu.
Eu tenho pensando muito sobre esse tema desde que fui demitido no início deste ano e essa reflexão faz absoluto sentido pra mim. Um livro que li e tem muito a ver com esse tema é o “Seja Egoísta com a Sua Carreira”.
Olha eu aqui mudando de trabalho e lendo este conteúdo.
Ótima reflexão, muito obrigada Alex.