Na minha vida pessoal e profissional, eu escolho não trabalhar com metas ou objetivos.
Eu já escrevi sobre isso ao recomendar o livro Why Greatness Cannot Be Planned (Porque a Grandiosidade Não Pode Ser Planejada, em tradução livre), mas agora, neste período de início de ano, faz sentido trazer mais alguns elementos para essa conversa.
Fixar um resultado pretendido, especialmente quando boa parte das variáveis não estão sob controle e quando o que se almeja é algo distante e complexo (por ex.: “me tornar CEO” ou “inventar a máquina do tempo”) simplesmente não é produtivo.
Em vez de objetivos, eu utilizo 3 outros caminhos para orientar minhas ações:
Intenções: são as “avenidas” que escolho priorizar na minha vida em um dado momento e que conversam com meus valores fundamentais. Embora sejam também de cunho aspiracional, assim como os objetivos, a diferença é que as intenções não tentam colocar o futuro numa caixinha. Nesse sentido, elas se tornam bem mais abertas e permeáveis.
Projetos: são as coisas que quero fazer e que têm início, meio e fim – por exemplo, criar um grupo de conversação em espanhol durante 3 meses ou viajar para a Alemanha por um mês (os exemplos são reais). No lugar do que se quer alcançar, os projetos ajudam a perceber aquilo que se quer realizar (e que talvez demande algum planejamento prévio). Normalmente eu prefiro criar projetos curtos, pois isso me dá mais adaptabilidade. E é sempre possível estender um projeto por mais tempo se fizer sentido.
Rotinas: são as atividades recorrentes que sustentam minhas intenções, me forjam para os projetos e que, de maneira geral, cuidam dos aspectos que considero importantes na minha vida. Ir à academia no mínimo 3x por semana, escrever de 2x a 3x por semana e “zerar” o Whatsapp 1x por semana são alguns exemplos de rotinas que eu adoto atualmente e que me ajudam a dar contornos para o meu dia a dia.
Além dessas estratégias, eu busco cultivar uma perspectiva de “colecionador de interessâncias”.
Aquilo que me é interessante, encantador, fascinante, aquilo que me soa menos como “eu deveria” e mais como “eu desejo”, aquilo que me faz real sentido, aquilo que eu encontro mesmo sem estar procurando...
...são alguns dos eixos centrais da minha existência.
Até tenho alguns sonhos e aspirações, mas tento não me prender a elas.
Aprendi que a vida é o que acontece enquanto a gente tá imóvel nessas prisões.
Obs.: falando sobre reflexões de ano novo, a Marcelle Xavier criou o Rito de Passá. Ainda que a virada de ano já tenha acontecido, eu recomendo muito que você baixe esse material gratuito do Instituto Amuta.
Ontem eu e marido tivemos uma conversa profunda sobre isso. Foi ótimo encontrar esse seu texto porque vi que estava entrando em uma visão muito reducionista do meu caminhar e o medo do não saber (incerteza) esta me levando a esse lugar.
Os planos devem ser como trilhas e não como trilhos. Nas trilhas é possível apreciar o entorno enquanto caminhamos e manter a atenção para não se perder.