Janelas. Elas não são fascinantes?
Quero te contar uma história curiosa que envolve janelas, pelo menos a nível metafórico – bom, em algum momento elas se tornam algo concreto, também.
Lá estava eu, naqueles últimos meses do ano que passam bem rapidinho, planejando minha vida nômade dali em diante.
Natal, ano novo e o primeiro pedaço de janeiro seriam na minha cidade no interior de Minas, fevereiro seria em Pernambuco vivendo mais uma residência e, entre março a maio, um respiro um pouco maior para trabalhar e organizar a rotina em São Paulo.
Tudo fluindo... Exceto por uma janela de duas semanas completamente vazia em janeiro – que acabou se transformando em um item de procrastinação infinita na minha lista de tarefas.
❎ O que fazer com os furos em nossos planejamentos, com esses limbos cronológicos, com essas incertezas malditas (ou benditas)? De que jeito olhar pra isso?
Depois de algumas tentativas e ainda com medo, povoei minha janela com uma viagem à Floripa. Alguma coisa me dizia que seria legal, e por “alguma coisa” leia-se amigues muito querides que queria visitar por lá.
(Dica: planeje suas viagens, de aprendizado ou não, em torno de amigues e veja a mágica acontecer)
Eu tinha boas expectativas para Floripa, já havia estado lá antes. Mas eu realmente não estava preparado para o que aconteceria comigo, em tão pouco tempo, naquela cidade.
Minha intencionalidade estava no auge – eu disse exatamente para cada amigue, ao me convidar para ficar na casa dele/dela, o que gostaria de viver com ele/ela (sem Paradoxos de Abilene nessa viagem).
E assim foi.
2 semanas, 3 casas e infinitas interessâncias depois – daquelas de encher mesmo o peito, sabe? –, eu saí de Floripa com o coração doendo por não ter ficado mais 🫀
Quando a gente é nômade a gente vai aprendendo aos poucos a arte de se despedir, mas ali essa minha arte estava frágil, ofuscada pelo brilho de tudo que vivi.
Dias depois, percebi minha vontade súbita de estar em Floripa durante aquela janela teimosa do meu calendário se convertendo em uma vontade maior – a de morar lá, pelo menos por uns meses.
Eu já estava com um apartamento reservado em São Paulo entre março a maio, mas nada específico me obrigava a estar na megalópole. Perdi algum dinheiro nisso? Perdi. Mas uma desistência intencional tem seu valor.
Resumo da ópera: vou morar em Floripa durante 2 meses e meio por causa de uma janela no meu calendário nômade. Uma janela mágica.
Janelas mágicas são os espaços vazios da vida que, justamente por não conterem nada, nos abrem a vertiginosa avenida da possibilidade.
Sempre que algo “dá errado”, sempre que a Dona Frustração tristemente nos visita mais uma vez, sempre que não sabemos o que irá acontecer – seja por escolha ou não –, em todos esses momentos uma janela mágica aparece.
Dessa janela brotam coisas que a gente nem sonhava que poderiam ser.
Mas é preciso vê-la.
Coincidência ou não, eu passei meu carnaval em uma janela 🥳
Não é incrível a janela como esse espaço entre mundos, uma veia aberta, uma ponte que emoldura, um caminho que se visualiza e que também se atravessa (pulando)?
Pulei a janela infinitas vezes no carnaval.
Quer sejam literais ou mágicas, elas nos reservam gratas surpresas.
E você, pensa algo sobre janelas? Sobre viagens, sonhos ou então a vida que você ainda nem sonhou que era possível pra você?
Deixa um comentário! 🤩
Obs.: quero celebrar dois trabalhos em janeiro que foram muito gratificantes pra mim – fazer a palestra de abertura da Semana Pedagógica do Sistema Fiep (Sesi Senai PR) e o início da mentoria com o time de desenvolvimento e aprendizagem da Globo.
Obrigado pela confiança! 🫶
"planeje suas viagens, de aprendizado ou não, em torno de amigues e veja a mágica acontecer".
Essa dica é formidável!
Já havia percebido isso, mas não tinha "colocado no papel".
Gratidão!
Adorei a janela mágica.... como sempre seus textos são muito inspiradores!