hoje eu tive uma experiência cósmica ao correr 🏃
correr não é muito a minha praia (não era).
hoje, eu desisti de chegar em qualquer lugar no exercício da corrida.
(o que é algo curioso para uma atividade cuja característica central é levar seu corpo de um lugar a outro)
outras pessoas estavam correndo comigo – residentes da Residência Mol.
foi o Luis que começou com essa história de correr. e foi o igor, amigo de autodireção dele que, por sua vez, o introduziu.
veja: eu não sei se vou continuar correndo.
marcamos, por pura diversão e ludicidade, de fazer uma meia maratona em Sorocaba daqui a duas semanas.
(a corrida tem diferentes modalidades: 5 km, 10 km, 21 km. obviamente eu não vou correr na modalidade mais longa)
o que aconteceu nessa minha experiência cósmica de hoje foi que eu me DIVERTI correndo.
literal, corporalmente.
estava tocando Rage Against The Machine no meu fone – e também um pouco de música eletrônica e outras coisas.
só correr sisudamente (como as pessoas geralmente correm) não era algo que me parecia normal nessa situação.
era preciso se jogar na experiência, banhar cada um dos poros da minha pele nela.
sair pulando. dançando. experimentando caretas e tocando air guitar sem pensar no amanhã.
(re)criando a corrida no próprio ato de correr.
pois bem: hoje é o quarto dia da Residência Mol – no total, serão 30.
escrevo aqui sem qualquer pretensão de fazer um texto bonito ou mesmo palatável.
é o que eu talvez escreveria pra mim mesmo se ninguém estivesse olhando.
ontem no jantar, a Tami fez crepe suíço e cada pessoa contou como foi o seu primeiro beijo (ou, na “linguagem das ruas”, como foi perder o BV).
fui a São Paulo ontem para uma palestra na Leroy Merlin de manhã, trabalhei no almoço, liguei pros meus pais, conversei a vida com a Ana (outra residente) no ônibus de volta a Sorocaba, jantamos, minha barriga doeu de tanto rir, tivemos alguns “anúncios da comunidade”, lavei um pouco da louça enquanto o James (a lava-louças) lavava o resto...
e sim: eu estou amando (ou, como diz o meme que adotamos aqui: “não gostuei, asmei!”)
ainda faltam residentes pra chegar e só estamos começando a vivenciar a totalidade dessa experiência.
amanhã (sexta-feira) à noite teremos uma roda de iniciação da residência. era pra ter sido ontem, mas a conversa sobre o primeiro beijo no jantar estava muito boa.
nesse ritual de início, quero puxar 3 combinados orientadores da casa (que também utilizamos nas imersões do Mol):
Autodireção: cada pessoa é 100% dona do seu próprio tempo, energia e atenção, escolhendo livremente o que deseja fazer com esses recursos a cada momento. ninguém tem o poder de impor nada a ninguém, ou seja, “tudo é convite”, e intencionalidade importa.
Apreciação: “a coisa mais importante sobre a apreciação é expressá-la” (Liv Larsson). devemos expressar nosso apreço por alguém sempre que isso estiver vivo em nós. a sustentação de um ambiente altamente apreciativo nos energiza continuamente e ajuda na boniteza das conexões do grupo.
Cuidado: nós queremos e nos comprometemos a cuidar – de nós mesmos, dos outros e da potente egrégora que está se formando. isso envolve, mas não fica restrito a, checagens de intenção e comunicação, abraços depois de cada reunião de trabalho, convites para pequenas caminhadas ao sol, lavar a louça mesmo sem estar na sua vez, sustentar a escuta numa conversa etc etc etc.
eu acredito que, com esses 3 combinados, todas as coisas caminham de maneira muito fluida.
e aí você me pergunta? mas e as tretas? os conflitos? as tensões?
sim, existem e sim, às vezes são desconfortáveis e agridoces.
mas a experiência não se perde nisso. estamos sabendo dissolver com amor.
e, quando não soubermos, aí não saberemos – até que voltaremos a saber de novo.
estou vislumbrando um futuro próximo com múltiplas residências de aprendizagem acontecendo no Brasil (mundo?) todo.
não seria bonito?
no final da primeira residência que o Luis organizou em BH, pertinho do bairro onde eu moro, eu perguntei às 15 pessoas que estavam no evento de encerramento:
“quem aqui gostaria de viver uma residência como essa?”
eu não me lembro de nenhuma pessoa que não levantou a mão.
minha hipótese ao propor o tema Reflorescimentos (agora apelidado de Reflô) está umbilicalmente conectada ao aspecto de vida em comunidade que estamos experienciando aqui.
o ponto é: nós passamos por uma fucking pandemia.
como se não bastasse, o mundo já vinha se isolando há tempos.
cada um no seu cubículo. famílias nucleares, home office, trabalhos sem sentido, vidas sem tesão.
parece que fomos perdendo a mão nos jeitos de viver e ninguém percebeu.
é só eu?
eu não estou propondo que a solução seja todo mundo arrumar 8 amigues pra morar.
na verdade, não estou propondo absolutamente nada.
eu só estou compartilhando, do fundo do meu 🫀, o que está vivo pra mim neste momento de coletivização temporária da minha vida.
muita gente pode talvez sonhar com isso, pública ou secretamente, mas não ter coragem de dar um passo do tipo “comprar um terreno e fundar uma vila”.
é super compreensível. eu também não quero isso agora.
a possibilidade de uma Residência, pelo fato de ser temporária, pelo fato de haver uma intenção clara, pelo fato de ser um processo com uma cuidadoria cuidadosa, pode ser uma alternativa interessante.
você já pensou nisso? morar 1 mês com pré-amigues e amigues com quem deseja aprender?
anos atrás eu nunca pensaria nisso.
e olha eu aqui.
eu não estou propondo nada, mas pode ser que o seu coração esteja.
➡️ leia os outros dois textos sobre a residência mol abaixo:
Bom dia Alex! Que legal este texto despretencioso! Para os amantes da corrida e aqueles que estão descobrindo a corrida, eu gostaria de sugerir o documentário The Last Milestone, que conta a história de como Eliud Kipchogue conseguiu correr 42k em menos de 2h, desafiando a ciência e aos "limites" humanos. Eu amo corrida e este documentário me inspirou muito. Please, se possível envie a informação da corrida de rua de Sorocaba que eu quero ir correr com vocês! Podemos fazer o time Molstones da corrida...Saludos a todos os moleiros da residência!
Que maravilhoso, Alex! Demais! Estou um pouco off de informações, grupos e afins e nem tenho visto muitas novidades do MoL. Essa experiência da residência deve ser fabulosa (olha eu aqui cheio dos adjetivos kkk). Inclusive, pergunto: Quem está participando?
Penso que dividir intimidade com as pessoas é algo muito enriquecedor. O que vem pra mim é liberdade e aprendizagem. Liberdade pra se expressar e ser acolhido, derrubar sensações de insegurança e aqueles pensamentos do tipo "estou fazendo isso certo?" Aprendizagem sobretudo sobre si mesmo. Aprender a ser quem se é pra tirar as cascas daquilo que te disseram que deveria ser.
Sobre a corrida, fico muito feliz por vocês pelas descobertas e experiências. Adoro correr. Pratico com frequência. E por isso gostaria de alertar para algo importante: nosso corpo não está acostumado com esse movimento repetitivo e, se não estiver devidamente alinhado podemos acabar machucando joelho, quadril etc. Caso deseje seguir adiante com a prática, pesquise sobre o assunto e converse com quem já tem experiência. Quando comecei, vi que tinha fôlego e fui aumentando rapidamente a km semana após semana. Cheguei nos 15km e senti o joelho. Parei um tempo, voltei e doeu outra vez. Estudei um pouco, adaptei algumas coisas e não doeu mais.
Abraços. Saudades de todos!