Project DEFY: Criando Recantos de Aprendizagem Autodirigida na Índia
Como o aprendizado livre pode furar a bolha
No encontro global de Ecoversidades que aconteceu no Brasil em agosto deste ano, eu conheci o Project DEFY, um projeto de aprendizagem autodirigida indiano simplesmente incrível.
A ideia é apoiar a criação de pequenos espaços de aprendizado livre e em comunidade em qualquer local, especialmente em territórios vulneráveis e em situação de pobreza.
No site do projeto se lê o seguinte:
“Crianças não são ‘baldes vazios a serem preenchidos com conhecimento’. Essa crença totalmente equivocada que as instituições de ensino regular, como escolas e faculdades, ainda propagam, tem causado muitos danos e desespero a crianças e jovens em todo o mundo. Em vez de permitir que essas pessoas descubram e desenvolvam seus próprios interesses, talentos, sonhos e aspirações, a educação tradicional pressupõe que alunos e alunas precisam ser alimentados com um conjunto de conhecimentos padronizados, abstratos e predeterminados. Esses conhecimentos, presume-se, transformarão estudantes em trabalhadores e trabalhadoras produtivas, obedientes e, portanto, eficientes, mantendo a economia em funcionamento e assim encontrando seus lugares e papéis predestinados na sociedade.
No Project DEFY, uma iniciativa educacional holística com sede em Bengaluru, na Índia, não pensamos que quaisquer seres humanos, jovens ou velhos, sejam “recipientes vazios”. Acreditamos que cada pessoa tem suas próprias habilidades, talentos e sonhos que estão esperando para serem liberados. Com base nos princípios da aprendizagem experiencial e autodirigida, nossos espaços de aprendizagem, os “Nooks”, permitem que todes encontrem sua vocação e persigam seus sonhos”.
Os Nooks (Recantos, em tradução livre) são
“centros de aprendizado autodirigido ou – resumidamente – ‘escolas sem professores(as)’. Eles permitem que os membros de uma comunidade local realizem seus próprios projetos de aprendizagem com base nos interesses e necessidades individuais”.
Essa lógica de aprendizagem autodirigida em pequenos grupos pode ser vista em várias outras iniciativas ao redor do mundo: Huddlecraft, Open Master’s, Agile Learning Centers (Centros de Aprendizagem Ágil), Liberated Learners, pequenas comunidades locais de unschooling etc.
É um movimento que cresce rápido.
A base conceitual e metodológica que venho desenvolvendo, a Aprendizagem Autodirigida em Comunidade (A2C), também bebe dessa mesma fonte. As Arquiteturas de Aprendizagem Autodirigida (A³), um dos elementos da A2C, são estruturas que permitem às pessoas praticarem o “não sei” juntas – de certo modo, também podem ser entendidas como “recantos” onde o aprendizado pela descoberta pode transbordar.
É bonito ver tantas sementes brotando numa mesma direção.
Pessoas se juntando para descobrirem o mundo juntas e sendo apoiadas nesse processo. Isso faz sentido pra você?
Deu vontade de criar um Nook? O que significaria a criação de um grupo de descoberta na sua empresa, universidade, escola ou comunidade?
Me conta nos comentários! 😊
Oi André. Diga lá, mas há tutores ou mediadores nesses nooks? Caso algum conhecimento seja necessário há o goggle, as IA generativas da vida, mas as pessoas sabem achar o que precisam e não cair em ciladas, como a Terra ser plana?
Determinadas profissões exigem uma formação específica, por exemplo, medicina. Como alguém que passa por uma aprendizagem autodirigida entra numa universidade? Como esse mesmo alguém relaciona-se com a maneira convencional de ensino em outros territórios?
É possível usar a A2C no ensino público, em escala? Porque já vi empreendimentos incríveis, como o Projeto Âncora não irem para a frente...Bom, a Escola da Ponte e outras iniciativas permanecem.
O unschooling funciona para uma população sem acesso á internet, computadores, infraestrutura?
Percebo as possibilidades de aprendizado nos nooks, mas como escrevi no início, aonde esse conhecimento comunitário pode levar as pessoas a exercerem profissões que necessitam de conhecimentos específicos?
esse é o caminho