O Momento em que Achamos que Sabemos Algo é o Momento em que Perdemos a Conexão
Como aumentar sua abertura para aprender o tempo todo
Desde que escutei esta frase pela primeira vez – “o momento em que achamos que sabemos algo é o momento em que perdemos a conexão” –, algo profundo se remexeu dentro de mim.
Quando eu acho que sei o que minha namorada está sentindo, eu perdi a conexão.
Quando eu acho que sei o significado exato de determinada experiência vivida pelo meu pai, eu perdi a conexão.
Quando eu acho que sei o que é importante que o meu filho aprenda, eu perdi a conexão.
Perdi a conexão não só com essas pessoas – com minha namorada, meu pai e meu filho –, mas, de certo modo, também comigo mesmo.
“Perder a conexão” significa perder a oportunidade de descobrir algo novo. E também de se redescobrir continuamente.
Existe um forte anseio biológico que anima o ser humano a decifrar a vida. Precisamos SABER o que está acontecendo, senão podemos sentir confusão, ansiedade, angústia.
Tenho certeza que você sabe do que estou falando…
Há uma explicação evolutiva pra isso. Saber das coisas já nos salvou de sermos comidos pelos leões e de ficarmos sem água na tribo.
Só que agora nós já sabemos que o saber, além de poder nos salvar, também é traiçoeiro.
Conhecer muito sobre algo pode facilmente te converter em alguém arrogante, que não se dispõe a acrescentar novas músicas no seu repertório.
Conhecer muito alguém pode facilmente prejudicar a relação, na medida em que você cristaliza a pessoa (ou melhor, sua imagem dela) em sua mente e não permite o seu desabrochar.
Conhecer demais a si pode facilmente te manter em uma prisão narcísica – porque você não se permite viver de outras formas, escolher outras coisas e explorar novas versões do seu Eu.
A “conexão” perdida às vezes nunca é recuperada.
Se você SABE que tem depressão, se você SABE que o mundo é um lugar perigoso, se você SABE que a sua fé é a única reveladora da verdade, então talvez você esteja cavando buracos fundos e estreitos somente para se jogar neles depois – aqui estamos falando de crenças que balizam nossa experiência de mundo.
É por isso que eu elegi a frase “o momento em que achamos que sabemos algo é o momento em que perdemos a conexão” como um lembrete perene para mim mesmo.
Porque biologicamente eu sei que meu cérebro vai querer preencher os “vazios” de sentido com julgamentos e “certezas”.
Mas eu também sei, investigando as tendências do meu próprio saber, da importância de se… manter a conexão.
Existe uma força poderosa em suspender – permanentemente – suas certezas sobre si, as outras pessoas e o mundo.
Você usa seu conhecimento para agir sobre a realidade, mas nunca aposta 100% das suas fichas nele.
Existe uma força poderosa em ser capaz de navegar pelo mistério sem tentar decifrá-lo por completo – até porque, no curso de uma vida, isso provavelmente não é uma possibilidade.
O horizonte lá longe serve para nos incitar a caminhar, já dizia Galeano. Então, o meu desejo é que o mistério seja o horizonte da sua vida.
Não porque um dia você irá solucioná-lo.
Mas porque, durante a caminhada, você nunca perderá a conexão.
Obs. 1: este post é uma versão atualizada e revista de um texto que escrevi em 2021.
Obs. 2: a frase que intitula o post é do David Shidoll. Aprendi com a Thayna Meirelles.
🔥 E por aí, como você vem mantendo sua conexão?
Faz sentido essa ideia?
Me conta nos comentários!